sábado, 26 de maio de 2007

Palavras




Numa das ruas da cidade da Horta, encontrei um homem já idoso e alcoólico. As pessoas que me acompanhavam gozaram o homem e falaram-me da sua popularidade.
O nosso homem diverte as pessoas que em troca lhe dao bebida alcoólica. Depois de se divertirem, todos costumam dizer que é um triste, que nao faz mal a ninguém e até afirmam que gostam dele.
O nosso homem, de uma rua da cidade da Horta, é como um animal de estimaçao - serve para divertir, mas ninguém descobre o drama do seu interior e o quanto ele disfarça para manter uma relaçao alegre com os outros. Ninguém o ajuda para que ele deixe de ser quem é...

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Palavras




O Marco e o Filipe gostam de criar animais. No fundo do quintal, tres pombos brancos estavam presos entre tábuas mal pregadas.
Um amigo deles, o Vasco de 4 anos, levado pela curiosidade, levantou uma tábua para mais facilmente tocar nos pombos. Nesta altura, foi um espétaculo: as tres aves bateram asas e voaram até muito longe. O Vasco ficou aflito. O Marco e o Filipe choravam, mas os tres pombos tinham conseguido a liberdade!
Terá acontecido assim para os lados do Egípto: Moisés, por inspiraçao divina libertou o Povo de Deus, escravizado pelo Faraó. Esta passagem da escravatura à liberdade para o povo Hebreu também foi e é Pascoa.

domingo, 13 de maio de 2007

OLHOS QUE PERPETUAM A SAUDADE

13 de Maio, terá partido uma parte de mim
Numa tarde longinqua rumo à fé que te guiava
Ficamos todos tao infinitamente pobres
Deixaste tanta gente que te amava

No resto do vago que resta de cada dia, assalta-me a tua lembrança, tolhido de nostalgia viajo até ser criança, onde contigo brincava, companheiro mais velho, dividia o mundo contigo, queria ser tanto, querias apenas ser...amar a...Deus...
Cada um de nós viveu vidas diferentes, talvez os arcanjos não me guardassem, talvez a vida me tenha sido madrasta, mas tive sempre em ti uma alma cheia de luz que me guiou quando não soube que rumo tomar. E agora aqui estou condenado à vida, num país de dor e incerteza, desde o dia que cobriste os ombros com um manto inevitável e translúcido e empreendeste a tua viagem...E agora eu?
Sim, eu, o que faço?
O que faço, se já não tenho a tua palavra limpida e recta, o teu ombro onde ancoravam todos os meu barcos perdidos, o teu olhar seguro e paciente que esperava um tempo justo, a tua coragem exacta e firme e a tua lucidez sábia e serena?
E agora eu?
Sim, eu, o que faço?
O que faço, quando tiver medo da noite e do soluçar da Lua?
O que faço, quando o mar das lembranças me embargar a voz e afogar o peito e a casa, as pedra, as águas, os frutos, a rua, o céu, as árvores, as estrelas, as flores, o dia a chamarem por ti?
O que faço?
Fosse a tempo e entregava-te
a lira
o coração
o sol do meio dia,
o mar, os barcos, as velas, as bússolas,
a alegria
e as sete partidas do mundo...
Só assim compreenderias que eras o pão da minha fome e a benção da minha casa.
Resta-me, agora, a paz,
mesmo sabendo que (a paz possível é não ter nenhuma) ...