domingo, 13 de maio de 2007

OLHOS QUE PERPETUAM A SAUDADE

13 de Maio, terá partido uma parte de mim
Numa tarde longinqua rumo à fé que te guiava
Ficamos todos tao infinitamente pobres
Deixaste tanta gente que te amava

No resto do vago que resta de cada dia, assalta-me a tua lembrança, tolhido de nostalgia viajo até ser criança, onde contigo brincava, companheiro mais velho, dividia o mundo contigo, queria ser tanto, querias apenas ser...amar a...Deus...
Cada um de nós viveu vidas diferentes, talvez os arcanjos não me guardassem, talvez a vida me tenha sido madrasta, mas tive sempre em ti uma alma cheia de luz que me guiou quando não soube que rumo tomar. E agora aqui estou condenado à vida, num país de dor e incerteza, desde o dia que cobriste os ombros com um manto inevitável e translúcido e empreendeste a tua viagem...E agora eu?
Sim, eu, o que faço?
O que faço, se já não tenho a tua palavra limpida e recta, o teu ombro onde ancoravam todos os meu barcos perdidos, o teu olhar seguro e paciente que esperava um tempo justo, a tua coragem exacta e firme e a tua lucidez sábia e serena?
E agora eu?
Sim, eu, o que faço?
O que faço, quando tiver medo da noite e do soluçar da Lua?
O que faço, quando o mar das lembranças me embargar a voz e afogar o peito e a casa, as pedra, as águas, os frutos, a rua, o céu, as árvores, as estrelas, as flores, o dia a chamarem por ti?
O que faço?
Fosse a tempo e entregava-te
a lira
o coração
o sol do meio dia,
o mar, os barcos, as velas, as bússolas,
a alegria
e as sete partidas do mundo...
Só assim compreenderias que eras o pão da minha fome e a benção da minha casa.
Resta-me, agora, a paz,
mesmo sabendo que (a paz possível é não ter nenhuma) ...

6 comentários:

Maré Viva disse...

Olá Gilberto! Venho agradecer a tua visita ao Barlavento, as palavras gentis que lá deixaste e dizer que vou ficar à espera que voltes...e digo também que gostei muito da homenagem que aqui fazes a alguém que te deixou tão só, mas tao acompanhado pela sua lembrança.
O nome do teu blog encantou-me, pois as palavras são o meu alimento, eu amo as palavras. Quando lá voltares, procura um post a que chamei "PALAVRAS SÃO COMO BEIJOS.
E deixo-te um beijo.

Menina do Rio disse...

No resto da vácuo de cada dia me assaltam lembranças de uma tarde longícua em que viajo numa nostalgia revendo a criança que brincava nas pedras junto as ondas.
Talvez os arcanjos não me guardassem a alma que hoje navega sem destino em mares de incertezas...

Beijos

chipichipi disse...

Obrigada pela visita!
Saio daqui de lágrimas nos olhos tamanha é a força deste texto. Um testemunho de enorme amor e saudade.
Bjs :)

jawaa disse...

Quanta sensibilidade!
Gostei deste espaço.Continua que será um pouco o arrimo de que tens saudades.

Obrigada pela visita ao meu lugar.

Alice Matos disse...

Olá...
Revivi, com as tuas palavras, a perca e o luto, mas também a beleza da nostalgia...
Fica...em Paz!

Maria disse...

Engraçado descobri hoje este blog.
Como o mundo é pequeno, na mesma ilha tão perto.

Pois 13 de Maio partiu fiquei triste, muito triste pois foi das pessoas que tive uma grande e longa conversa, ele ajudou-me tanto com seus conselhos, falou de uma forma tão doce tão serena. Quando soube da noticia, parei, chorei.

Ele é uma estrela do céu que nos ilumina todas as noites.

Abraço
Maria da Graça Frazao